Friday, March 01, 2024

Projeto "Beach Boy" - Os Vougas de "linhas quebradas"


Para que o ciclo familiar dos Vougas se complete é necessário referir este modelo de embarcação que se desenvolveu nas águas da Ria entre a Costa Nova e as "Gafanhas": Os "VOUGAS DE LINHAS QUBRADAS".
 Talvez por maior facilidade construtiva, talvez porque estávamos no advento da construção em contraplacado, que dominava entre a vela ligeira e os pequenos cruzeiros, material que facilitava a construção dita "amadora", idealizaram-se e construíram-se estes "Vougas", embarcações em madeira, um mastro, duas velas, com seis a seis metros e dez de comprimento, boca máxima entre 1,75 e 1,85 metros, pontal a rondar os 60 centímetros, os parâmetros dos Vougas de António Gordinho, se acrescentarmos um pontal muito curto, o que de facto acontece.
Caracterizam-se e diferenciam-se dos Vougas da classe de vela,  por terem o fundo e o costado em planos distintos, e o corte transversal resultar numa linha quebrada... pelo que são conhecidos como vougas de linhas quebradas. 
Vagamente parecidos com os "Star", um olhar menos atento não os distingue dos Vougas de casco redondo, sobretudo a navegar, pois as suas proporções são de facto semelhantes e o aparelho vélico praticamente igual aos vougas ditos" clássicos". 
Destas embarcações construíram-se uma meia dúzia, sendo o mais famoso o barco de Mestre António Gordinho, o "Rio Vouga". 

Em meados de setembro chegou à cenário o "Beach Boy" recentemente adquirido a António Malaquias, que presidiu ao Clube de vela da Costa Nova. O seu novo proprietário O sr. G. Teiga, determinou um restauro de acordo com a originalidade do barco, recuperando na medida do possível o encanto da madeira e a longevidade que estes objetos de culto merecem. Quis a fortuna que o barco tivesse sempre abrigo e cuidados, pelo que as madeiras ainda se encontravam firmes no seu sítio e nas suas formas, apesar da passagem do tempo e do calor estival da Ria deixarem marcas bem visíveis.
 
Ainda não está completo este projeto, mas temos já obra para se ver, e a Primavera está à porta. 
Estamos também a fazer o desenho do barco, pelo que teremos mais notícias, com os rigores técnicos que o levantamento manual permite e com as novas informações que nos vão chegando.

Mais património náutico que estamos a desvendar, a recuperar, a divulgar. 

O dia da chegada ao Puxadouro...


Os primeiros trabalhos após a retirada dos "poleames"...
Ripado em mogno e tóla sobre contraplacado.


As linhas "quebradas" são bem visíveis.





a primeira camada de resina, após a recuperação de mazelas no ripado e no verdugo.



Thursday, September 28, 2023

XVII regata- Clássicos da vela ligeira

 


A XVII regata cenario ocorreu a 24 de setembro, um domingo de sol e sem vento pela manhã, uma ria espelhada e multicolor, dominada por uma plenitude de azul celeste e verdes arbóreos, emprestando, generosamente, uma dimensão espacial extraordinária ao evento. 

Com a colaboração da NADO e  o apoio da Câmara Municipal de Ovar, com a presença de velejadores de fora e de dentro,  dois Andorinhas, dois Sunfish, dois Vouga, uma embarcação da classe Cap Corse e um pneumático de apoio, a regata  iniciou pelas 11 horas, com a largada junto ao cais da Pedra, após alguma espera pelo vento, que teimava em não entrar. 

A regata de clássicos da vela da Ria, tem em Ovar, na CENARIO, a única regata de clássicos da vela ligeira em águas portuguesas. Destinada apenas a embarcações construídas em madeira, esta regata já reuniu embarcações das classes Finn, Snipe, Vaurien, Sharpie 12M mas que, apesar das boas condições meteorológicas e da divulgação atempada, estiveram ausentes nesta edição, faltando à afirmação e registo desta regata no universo náutico da Ria de Aveiro e da Região.

Este ano decidimos marcar o percurso da regata em função dos antigos cais de acostagem restaurados no âmbito do Programa Polis Ria de Aveiro; o cais da Pedra, o Cais da Tijosa e o Cais do Puxadouro, ficando o cais da Ribeira excluído deste percurso, pela dificuldade de navegação á vela no canal de acesso e falta de balizagem ou meios de reconhecimento do local, nomeadamente junto de velejadores de fora de Ovar. Ficou deste modo esta regata, este ano, conhecida como a rota dos três cais, marca que iremos perpetuar, esperando que num futuro próximo seja este percurso uma marca da Regata CENÁRIO -  Clássicos da Vela Ligeira.



A Largada.

Pelas 10.30 encontrava-se o CapCorse S. Gabriel emitindo sinais sonoros de amplitude duvidosa mas deveras originais, assim como subindo e descendo bandeiras, nas cores adequadas, dando a conhecer á frota presente que a regata estava em andamento. Uma das embarcações ( Calipso) e após uma mudança de tripulantes de última hora chega com atraso á linha de largada, o que teve consequências irreparáveis no desempenho regateiro. Todas as outras embarcações largaram bem, apesar de uma ausência de vento que se fez sentir logo após a partida. 






Lentamente e após longos 45 minutos, a frota encontrava-se ainda junto ao Areínho, até que uma brisa suave, irregular, impulsionou o Melody e o Aventura, o Pilrito, o Andorinha e todos os outros rumo ao sul. O Andorinha Melody, com Nuno Lopes e Marco Prior destacaram-se após o Torrão do Lameiro, ao serem atingidos pela brisa depois da cortina arbórea do Areínho sendo que o Vouga Calipso ia recuperando à medida que o vento subia e se tornava mais regular. O Sunfish de Artur Gonçalves foi-se destacando entre o Vouga Aventura e o Andorinha Melody, fazendo uma excelente regata até junto da ponte da Varela. 

Rodagem da primeira baliza

Junto à Ponte da Varela, e já com vento a crescer para os 10/12 nós, rodou primeiro o Melody, seguido do Calipso, do Pilrito, do Andorinha e do Sunfish, fazendo as embarcações rumo a nordeste, Pardilhó/ Ribeira de Mourão, onde se rondou uma segunda baliza e se fez rumo ao cais da Tijosa., 

Após alguns bordos, pois o vento agora vinha de noroeste, cortou-se a linha de chegada no enfiamento da casa dos barcos da Tijosa e o S. Gabriel.

2ª Largada. 

O vento agora era firme e impulsionava em bom estilo todas as embarcações. Estávamos próximos da uma da tarde, pelo que se decidiu fazer uma outra regata, entre o cais da Tijosa e o cais do Puxadouro, rondando a baliza a sul, no enfiamento do Cais de Pardilhó ( Ribeira da Aldeia). Regata que decorreu com bom andamento, largando as embarcação em largo folgado, passando a pôpa rasa ( que espetáculo ver os paus do spi a serem utilizados!), e, após a rondagem da baliza, em bolina folgada até ao enfiamento do Bico do Torrão. Daí, um bordo ( por vezes dois) até à foz do Cáster e à bifurcação do canal da Moita com o canal do Puxadouro, onde se encontrava a chegada, mesmo sem S. Gabriel à vista, que se tinha perdido, nos confins dos baixios de Calecute.

Foi esta uma regata muito animada, com o Calipso a procurar passar o Melody, que se defendeu muito bem e não permitiu que o calipso ganhasse o barlavento, o canal estreitava e  por sotavento não era possível, pelos motivos que todos sabemos; um timoneiro de gabarito ao leme e umaa genoa imparável, arribava o Calipso, pois já não tinha águas, logo o Melody lhe cortava o vento e assim decorreram uns bons 30 minutos com o aventura aproximando-se continuamente, (pois estavam os dois primeiros entretidos nesta dança ...) quase conseguindo o segundo lugar.






Uma bela regata.  

Entre o primeiro e o ultimo barco não passaram mais do que 15 minutos, na primeira regata! Na segunda a diferença foi muito menor.

Originalidades e património antropológico da Regata Cenário

Como critérios de desempate dado que o Melody ganhou a segunda regata e o Calipso a primeira, o júri considerou a utilização da pagaia pelo Calipso ( manobra de desencalhar) com 15 segundos de penalização, e por impulso mictório de um tripulante do Melody, que pela pôpa, se aliviou de uma necessidade inadiável, colocando mesmo em risco o bem estar da tripulação que lhe estava no encalço, dois segundos de penalização ao Melody. Sem direito a protesto.

Estas circunstancias denotam elevado grau de rigor na aferição da classificação final, apesar do cronómetro, que, como sabemos, mesmos utilizando as mais altas tecnologias, tem as suas limitações,  pois como dizia o Índio observando o monóculo do general Custer, a magia é boa, mas não é perfeita... 

Próximo da perfeição esteve o almoço que se seguiu nas instalações da Cenário, após a arrumação dos barcos e palamentas, e da entrega da fatia de bolo especial aos vencedores, tarte de côco, uma delícia, neste caso de uma magia infalível.

E das generosas contribuições de elixires raros, previlégio de quem tem bom gosto e conhecimentos profundos nas quintas do Douro, lembrando as rotas comerciais de Ovar à Régua... e mesmo aos confins de Borba, lá para os anos de 2015. Um bom ano.

Devemos finalmente agradecer aos participantes e à presença do velejador que participou na regata a bordo do "Calipso", Jorge Exequiel, em representação da Olho  Marinho do grupo Porto de Ovar, patrocinador das velas do Calipso, que se deslocou desde Ponte de Lima. 

Do Norte vieram  também o arq. Manuel Carvalho, que desta vez não veio a pedal, mas sim a bordo de um "Andorinha" (com o nosso amigo Pedro Silva), e o Artur Goncalves, e um  amigo, Nuno Freitas a bordo de dois "sunfish" cujas velas animam e colocam mais cor à regata , que, sem o colorido e a singularidade destas embarcações não será a mesma. 

Obrigado também à Câmara de Ovar, pela colaboração no evento, no âmbito do Programa de Apoio ao Associativismo.


Thursday, December 15, 2022

 

        RELATÓRIO  DE ATIVIDADES 2022

 

                                                

         

                                                                

        Resumo

 Ao longo do ano de 2022 a CENARIO deu continuidade ás suas atividades de promoção da cultura náutica e do desporto da vela assente nas antigas classes, ao restauro de embarcações e à organização de eventos diversificados e dirigidos a diferentes públicos.

A nossa sede e o cais do Puxadouro foram palco de diversas atividades abertas à comunidade, realizadas em parceria com a CMO, no âmbito da Estação Náutica de Ovar.

Alguns associados realizaram trabalhos de restauro, trabalharam a madeira ou colaboraram na recuperação e manutenção das nossas embarcações.

Realizamos um evento “cinematográfico” a bordo da embarcação “Melody” com o envolvimento de algumas pessoas da comunidade.

O espólio da Associação ficou mais rico, com a doação do sócio Dennis Begasse, da sua embarcação “S. Gabriel”, à nossa Associação. Esta embarcação da classe Cap Corse, foi construída em Esposende em 1959/60 por Isolinno Fernandes, sendo um dos primeiros projetos do arq. naval francês Jean-Jaques Herbulot.

Já no final do ano, participamos numa “Oficina de Carpintaria Naval” organizada pelo Sporting Clube de Aveiro, nas instalações deste clube.

Mas, para nós, 2022 fica marcado pela obtenção da licença emitida pela APA-RHCentro para a utilização de recursos hídricos-ocupação do domínio público hídrico de um conjunto edificado no Cais da Ribeira de Ovar, espaço que se pretende funcione como uma extensão da Cenário para aquele cais, outrora o mais importante de Ovar e para o qual se pretende, em parceria com a Autarquia Local, a urgente e necessária revitalização e regeneração urbanas.

E, apesar das precárias condições do edificado e da ausência de infraestruturas elétricas, de saneamento, ou abastecimento de água, conseguimos, em parceria com um grupo de artistas de Ovar, levar a bom termo o evento de índole cultural “Matos em Festa 2022” que marcou o início das atividades possíveis e desejáveis neste novo espaço da CENÁRIO.

Finalmente, como nota triste e de pesar referimos o falecimento da nossa diretora, e amiga, Corália Vicente.

 As atividades pontuais mais relevantes ao longo de 2022 foram :

Fevereiro

Na Cenário ocorreu uma residência artística de Afonso Marmelo, que, com um amigo, experimentaram uma viagem, entre o cais do Puxadouro a Ribeira de Ovar, e de volta ao Puxadouro. Durante horas e de acordo com a maré, remaram até à foz do Rio Caster, dali até à Tijosa e até à “Quinta do Pereira”, regressando pelo rio Caster, da Ribeira à foz, transportando, de permeio, a canoa "em braços", rompendo silvados e ultrapassando obstáculos, de tudo um pouco ocorreu nesta "aventura", que se consubstanciou principalmente, na descoberta de um território que se revela apenas àqueles que arriscam a experiência.


          Apoio à realização de um vídeo-clip

   
A Cenário colaborou na realização de um filme promocional de um tema do músico vareiro ISEEJOHNY. As nossas instalações tanto no Cais da Ribeira como no cais do Puxadouro serviram de cenário a diversas gravações…

Conclusão do restauro do Vouga “Jezebel”

        Construído provavelmente no mesmo estaleiro que viu ser construído o Vouga “Aventura”, em Lisboa, estaleiros Brites, esta interessantíssima embarcação foi alvo de um restauro e redimensionamento de alguns elementos fundamentais á sua performance, dadas as características técnicas atualmente em vigor para esta classe de barcos, (exclusivamente portuguesa), nomeadamente plano vélico colocação de mastro e patilhão, convés novo, leme e toda uma série de alterações de grande relevo.

Abril

 Início das atividades de “ar livre”


As embarcações ao sol, depois da “hibernação”. Em primeiro plano o nosso finn “Fintado”


- Revisão geral do estado das embarcações e preparação para a época. Com a participação de alguns (poucos) associados, operámos uma arrumação geral e limpeza das embarcações.

 

 - Conclusão do restauro da nossa embarcação da classe Finn, e fabricação do mastro respetivo. Pronto para navegar, se houver interessados em concluir o aparelho. Agradecemos a colaboração do Tiago, que gosta de barcos, o que para um pardilhoense é coisa genética.

Conclusão de pinturas e pequenas intervenções no “Vaurien” do associado Rui Bastos. Demos início à utilização das instalações da Ribeira para armazenar algumas embarcações.















O Tiago a trabalhar no finn, a fabricação do respetivo mastro, e o vaurien “293” a chegar à Ribeira após pinturas

 










- Reinício de trabalhos de restauro do motor da “Maria Cristina”

 

Com o Sr. Hermínio Pinho e Pedro Pinho

 

 


O motor Penta C2 na oficina do sr. Hermínio, em Ovar

  

Maio

Restauro não é só barcos…

- O associado Artur Aguiar Álvaro concluiu o restauro de uma cadeira que já está na família à gerações… uma cadeira com história.

Processo de restauro metódico e sistemático, até este resultado.

 


  



















A cadeira

  

- Passeio à foz do Cáster e visita ás instalações da Ribeira






Junho

 Comemoração do XVIII Anivercenário


 A CENÁRIO comemorou 18 anos de existência.

(Atingimos a maioridade, já podemos votar e obter a carta de condução, entre outros perigos eminentes.)

No dia 11 de junho reunimos os associados e amigos em festa comemorativa. Pelas 14:30, saímos em alguns barcos até ao largo da Coroa, em frente à Tijosa, mas as condições não eram as melhores para velejar, o vento crescia… Mas mesmo assim saímos.

Após o passeio de barco que procurava fazer o percurso Cais do Puxadouro - Cais da Ribeira - Cais do Puxadouro, para visitarmos as novas instalações, percorremos a costa Portuguesa através do Projeto "Estrelas do Mar - fortificações costeiras de Portugal Continental, vencedor da 16ª edição do Prémio Fernando Távora, que foi apresentado pelos autores, os arquitetos Pedro Abranches Vasconcelos e Carlos  Machado e Moura. E que interessante momento de cultura !

 

 

Preparando o passeio, o arq. Pedro Abranches Vasconcelos e Vasco Vasconcelos, aguardando a partida a bordo do Vouga “Aventura”

 

Os arquitetos convidados expondo o seu projeto, vencedor do prémio Fernando Távora, e à conversa com o Sr. Vereador, arq. Bebiano.

 

E a interessada audiência no ambiente informal da Cenário…


Seguiu-se o habitual convívio, com o bolo de aniversário, o acender das velas e o apagar das mesmas, dezoito! A Maior Idade, terminando o dia com um lanche coletivo, comentando da nossa existência, em modo de fim-de-tarde ao Pôr do Sol.

 Prémio Fernando Távora

A proposta “Estrelas do mar: Fortificações Costeiras de Portugal Continental” foi distinguida pelo júri do galardão por ser inédita, contribuindo para um conhecimento atualizado e sistemático do património defensivo costeiro, através da utilização do desenho e das novas tecnologias numa uniformização, em termos de apresentação. “A maioria destas Estrelas está documentada, em levantamentos antigos, estudos parcelares aprofundados, muito excelentes, compilações amadoras e rotas específicas em zonas turísticas, mas o seu conjunto merece uma análise inclusiva, numa perspectiva crítica, contemporânea e arquitectónica”. (excerto da proposta de viagem)



Licença APA-ARHCentro

 

Em junho foi emitida a licença de ocupação-utilizaçãodo domínio público hídrico de uma parcela no cais da Ribeira de Ovar com 1425 m2, pela APA- ARHCentro - L009857.2022-RH4A.

Espaço que nos desafia a encontrar novas funcionalidades.



- Reunião preparatória para o evento “Matos em Festa”

 Um grupo de amigos e frequentadores do Café Bar "O Ronca" espaço acolhedor esguio e alto, resolvem celebrar o Homem que já foi fisicamente alto e de voz tonitruante, coração de mel e sempre pronto para uma piada mesmo quando as piadas eram caras...o Matos.

 


Preparação do vídeo, “À Boleia”, de Afonso Marmelo

 

Este vídeo, idealizado no âmbito da exposição “Os barcos, vidas e memórias”, teve lugar a bordo da embarcação “Melody” num percurso que se fez exclusivamente à vela e que se iniciou no cais do Puxadouro,                        passou pela praia do Bico do Torrão, pelo cais do mesmo nome, pelo cais da Tijosa, terminando no cais da Ribeira de Ovar. Durante o percurso foram entrando e saindo algumas pessoas de diferentes idades e ocupações, ( cerca de 20) que deste modo experimentaram velejar na nossa Ria. O resultado foi muito surpreendente, e o vídeo , com cerca de uma hora de duração foi projetado “em looping” durante a exposição que ocorreu na Escola de Artes e Ofícios. Foi uma experiência deveras original. As fotos ilustram o trabalho de “mecânico” que foi necessário improvisar no “Melody”, para fixar a câmara no eixo e na distância correta face à embarcação.

                                                                                                                Montando a Câmara e afinando ângulos

 



Julho

 Exposição “Os BARCOS”, vidas e memórias

O desafio foi lançado pela Câmara Municipal de Ovar, Alexandre Rosas e Licínio Pimenta e a incansável equipa do Turismo, para que retomássemos o projeto de uma exposição relacionada com a náutica de recreio, a Ria e a história da vela em Ovar, projeto que estava para ser realizado em 2021.

Aceitámos o desafio (apesar do escasso tempo para a sua preparação) e com alguns sacrifícios decorrentes de férias já planeadas, avançámos com a preparação desta exposição, reflexo e síntese de 18 anos de atividades na CENÁRIO.

O catálogo, elemento cujo interesse ultrapassa o âmbito da Exposição, na introdução diz o seguinte:

 

Alicerçada a sua ação numa estratégia de índole museológica, ação estimulada pela criação da rede museológica de Ovar, iniciativa da CMO, a CENÁRIO, ao longo dos seus dezoito anos de existência restaurou construiu e em muitos casos pôs a navegar diversas embarcações de pequeno porte, identificativas e por vezes únicas no universo náutico português.

Apartir deste conjunto de embarcações em madeira restauradas e recolhidas pela CENÁRIO nomeadamente apartir dos seus elementos construtivos e equipamentos de laborar ou manobrar, pretendemos demonstrar os tipos de embarcações que pela Ria navegaram ao longo do séc. XX.

A criatividade e mestria artesanal de alguns autores, na maior parte dos casos sem formação específica na área da construção naval, está patente nos objetos, nos grafismos e nas soluções construtivas e funcionais que nos chegaram até hoje, constituindo importante património.

Com este património pretendemos dar a conhecer ao público em geral a importância da náutica lúdico/desportiva para a vida coletiva de Ovar e para o desenvolvimento do turismo, particularmente na Ria de Aveiro, sem deixar de provocar leituras de possível desenvolvimento futuro.

 

Inaugurada na data prevista, 2 de Julho, esta exposição esteve patente ao público até 30 de setembro e foi integrada no programa mais vasto da Estação Naútica de Ovar para o Verão. No dia da Inauguração o cais do Puxadouro esteve muito animado com experiencias de stand-up padle, passeios de barco e um concerto ao fim da tarde com a colombiana Mari Segura.

 

Durante Julho, agosto e Setembro, ocorreram visitas guiadas e passeios de barco, incluídos no programa, que foi organizado quase em exclusivo pelos  serviços de Turismo da Câmara Municipal de Ovar. Uma experiência cansativa, que envolveu muitos colaboradores, mas de resultado gratificante, que projetou a CENÁRIO e a náutica Ovarense para uma narrativa de memórias futuras...



O catálogo, elaborado em parceria com a CMO, com o designer Túlio Tomaz





 

 Visitas guiadas com gente de Ovar e de sta Maria da Feira, e uma personagem muito especial, que ajudou a reviver e a contar outras histórias : Isabel Ramada, com o responsável pela curadoria da exposição, Helder Ventura

  

Setembro

 

Botabaixo e participação na regata Memorial José Rodrigues


A Embarcação da classe Vouga “Jezebel” que foi alvo de profundo restauro, foi finalmente a navegar, participando numa regata em memória de José Rodrigues, Presidente da Associação Náutica da Torreira,, entretanto falecido.

 



 O Evento “Matos em Festa”

Música e performances… no pavilhão 2

Esta ideia surgiu durante uma reunião que se realizou na CENARIO, reunião aberta e dirigida sobretudo ás mais novas gerações ovarenses que pensam viver a cidade e na cidade, afirmando por isso a sua condição de projetores de uma cidade diversa, onde também cabem (devem caber) iniciativas independentes e fora dos circuitos culturais instituídos pela autarquia.

Luz , som e movimento. Uma cascata caindo do teto… no pavilhão 2

Cultura alternativa dizem... mas também complementar, necessária e urgente, vanguarda livre que emana das mais profundas dúvidas e caminhos que a sociedade atual experimenta e percorre.

O evento "Matos em Festa" não tem lugar fixo para a celebração, e dado que as mais recentes instalações da CENARIO se localizam na Ribeira, perto do Centro da Cidade de Ovar, pensámos em localizar nas antigas instalações da firma " Flor da Ria", as novas instalações da CENÁRIO, a festa de homenagem ao Matos, o Matos em festa 2022.

A instalação de Melo Rosa, no pavilhão 1 .” O universo criou a àgua, o Homem matou a Ria”

Sobre a festa propriamente dita diremos que incluiu pintura , escultura, manifestações artísticas de diversos teores e temáticas (performances) e música, muita música e cinema muito cinema e documentários e foi demasiado intenso e vivificante e nos deixou a mim e a nós Cenarios que tiveram a sorte e o prazer de participar e de organizar e de trabalhar num evento que se criou em praticamente oito dias... Só possível porque o núcleo duro da organização, o Xavier P e o Xavier A, a Inês e o o Hugo e o Afonso e talvez mais alguém que os rodeia de perto e que também colhe a energia que emana de um grupo de artistas.

A projeção de filmes de Paulo Rocha e Manuel de Oliveira rodados na Ria de Aveiro, e outras obras cinematográficas” passaram na tarde de domingo no pavilhão 2

 Arte que procura ser a exceção à regra, pois se não for exceção, não é arte. Este evento contou com a colaboração do Sr. Fernando ( Firma Maricéu) o Sr. Manuel, Visinho, e a Câmara municipal de ovar que cedeu o equipamento de apoio do cais da Ribeira (instalações sanitárias ).

 Outubro


Bota-baixo de uma nova embarcação da classe Vouga

Dia 7 de Outubro foi um dia importante para a CENARIO pois celebrámos o bota-abaixo da primeira embarcação construída de raiz nas nossas instalações, um Vouga, modelo Costa Nova, baseado numa das embarcações de Mestre António Ferreira Gordinho. Em construção desde 2012, esta embarcação tocou a água pela primeira vez na referida data, preparando-se para a regata CENÁRIO, que ocorreu nos dias subsequentes.

No entanto, nos dias que precederam este evento a azáfama era muita, na montagem de poleames e cordames, mastro e patilhão, testes de velas, etc, etc.

Mas ocorreu! E com a presença de amigos e convidados que ajudaram, todos, à celebração náutica de um novo Vouga a tocar a água e a flutuar pela primeira vez. As velas foram patrocinadas pelo grupo Olho Marinho Retail & Industry Park, a quem agradecemos.


 

 


As madrinhas da embarcação, primeiras passageiras a bordo

  



E o amigo Jorge Exequiel, do grupo patrocinador, com o autor do projeto.


  


16ª regata CENARIO  clássicos da Vela Ligeira

   

 

   O cartaz

Foi no dia 8 de Outubro que se desenvolveram as atividades náuticas que resultaram na décima sexta Regata da CENARIO, onde se procura revitalizar a presença das antigas classes de vela que constituiram a base dos clubes de vela da Ria de Aveiro. As classes Vouga, Sharpie 12, Andorinha, Sunfish, Vaurien, Finn e Snipe estiveram representadas totalizando onze embarcações que deslizaram desde o Carregal (cais da Pedra) até ao Cais da Tijosa, e daí até ao cais do Puxadouro. 

Alguns elementos da equipa no final da festa, com o vizinho Sr. Manuel.

 E que dia magnífico! Com vento de 6 nós e ligeiras e subtis rajadas de WNW, de 8 nós e que foram aumentando, as embarcações navegaram num único bordo até á Ponte da Varela, e daí rodando a baliza junto à ponte fizeram rumo à ultima baliza antes do Puxadouro, rondando por BB e rumo ao cais da Tijosa, onde se encontrava a linha de chegada. Após o toque de final de regata algumas embarcações regressaram ao Carregal e outras rumaram ao Puxadouro onde se fez a entrega de prémios, com a presença de velejadores, staff e convidados. Esteve também presente o nosso associado Alexandre Rosas, Vereador da Câmara Municipal de Ovar, que também participou na comissão de regata a bordo do “Balalu”. No dia seguinte e mesmo sem vento, fizemos o transporte de algumas embarcações até ao Porto de Recreio do Carregal. A Cenário agradece aos sócios que participaram na organização, António Moço, José Lemos, Nuno Filipe Costa e a Rui Carreira, que também ajudou no barco de apoio.

                                                                    Classificações:

1º Vouga POR119

Helder Ventura, Mario leite, Carlos Aguiar

1h45m12s

 2º Sharpie P43

Francisco Fernandinho, Cristina Alçada, João alçada,

1h46m37s

 3ºAndorinha 15 ( Melody)

Nuno Lopes, Marco Prior

1h49m49s

 4ºVouga POR23 (Aventura)

André Ventura, Lydia Shlitz e Vasco Chichorro

 5ºFinn P18 (Finório)

Jorge Guedes e Joana Paião

1h54m7s

 6ºSnipe P23293 (Atlântico)

Ivo e Carolina Alves

1h54m53s

                7º Andorinha 7

               Ricardo Malaquias e Miguel Lopes

               1h56m20s

                                                                                8º Sunfish

Artur Gonçalves

1:59m32s

 9º Vaurien

ANT

2h05m22s

 O primeiro Andorinha e "Bicampeão Nacional da classe" foi o Melody, vela nº 15

 Notas finais, sobre a XVI Regata 

A Associação Náutica da Torreira esteve presente, obrigado Filipe, o Museu Marítimo de Esposende compareceu com um Andorinha, obrigado Fernando Loureiro e todos os que acompanharam os velejadores, a Nado esteve presente na entrega de prémios, e muito obrigado pelo apoio logístico, a Câmara Municipal de Ovar colaborou e é parceiro desde o início nesta regata, e obrigado ao Alexandre Rosas pela ajuda no Barco da Comissão de Regata, os tempos são preciosos!

Outubro/Novembro

 A convite do Sporting Club de Aveiro, e com organização deste Clube Aveirense, estamos a                 participar numa “Oficina de Carpintaria Naval”, cujos objetivos são a sensibilização para as                     técnicas de construção e restauro de pequenas embarcações em madeira, promovendo esta arte no      contexto dos “modernos revivalismos”, e procurando sensibilizar novas gerações para esta atividade.

As embarcações alvo de estudo e restauro são 3, da classe “Vaurien”, em torno das quais têm incidido os trabalhos práticos.

Visitas mais relevantes

Pedro Pires de Lima, velejador premiado e gerente da velaria “Pires de Lima”, e Miguel  Tavares, velejador e diretor da Associação Portuguesa da Classe Vouga,

 


 








  


Museu Marítimo de Esposende, em visita à Cenário

  Fernando Fernandes , neto do famoso construtor naval, Isolino Fernandes, e outros elementos                 do Museu Marítimo de Esposende.

 

Mestre Esteves, Carpinteiro Naval de Pardilhó , na nossa Associação com o presidente da Direção

 B - Recolha de testemunhos patrimoniais.

  


 

 

 

 

 

 

 

 Uma amiga ofereceu á Cenário um conjunto notável de memórias decorrentes da participação em regatas. Troféus, do início das provas náuticas da Ria de Aveiro, (1958, 59, 60…) medalhas de participação nos eventos e… um par de binóculos da época. Uma dádiva interessantíssima, e de enorme valor museológico.

 

Conclusão

Para além dos eventos e atividades de maior relevo, vamos mantendo as nossas atividades regulares, recebendo visitantes ocasionais, promovendo atividades entre pequenos grupos de associados. Estes encontros que mantêm alguma regularidade ao longo do ano conferem uma atividade regular e continuada na nossa associação.

 

Continuámos o trabalho de restauro de embarcações em madeira, valorizando e promovendo a carpintaria naval. Mantivemos as relações institucionais, com a Câmara de Ovar que nos apoia, com a NADO com quem mantemos um protocolo de guarda de embarcações.

Devemos ainda dar as boas vindas a dois novos associados, que têm contribuido muito nas atividades da associação, Afonso Marmelo e o Nuno Costa.

Em 2023 vamos ter pela frente um enorme desafio coletivo, o projeto das instalações do Espaço Ribeira, uma extensão do que somos, no cais do Puxadouro. Este projeto vai necessitar daqueles que acham que a CENARIO é de facto um projeto de interesse coletivo, local e regional. Arrisco a dizer, sem hesitação, de interesse Nacional.