Thursday, August 21, 2008

de circum navegação.

Dia 21 de Agosto.
O regresso.

h. ventura e c. aguiar na embarcação AVentura.

Partimos da Costa pelas 13:45, no início da enchente, com um vento de wnw, fraco, mas firme.
Mas antes, chegados a S. Jacinto com 10 m de atrazo para o ferry, o que fazer? voltar pela murtosa?.... nem pensar. o carro ficou ali... Uma ruina à venda, e projectos de férias em casa á beira àgua com barcos nas garagens em substituição dos carros. O carlos sempre a colorir a construção do mundo ideal. decidimos e bem apanhar a lancha até ao forte da barra e depois uma boleia da paula, amiga do carlos que deixou a praia ( na barra) para nos transportar á costa. agradável companhia. tomámos uma àgua no bar da costa e aparelhámos, com a dificuldade de içar a grande como de costume...
passámos a ponte da barra e depois optámos pelo "estreito de magalhães", agora em bolina cerrada e com corrente desfavorável, com sorte não havia tráfego marítimo no canal e depois de alguns bordos , o canal central, e s. jacinto nas amuras de bb.

Passamos s. Jacinto e o carlos tomou conta do leme. já treina para quando tiver um vouga... o vento continuava certinho mas agora mais seguro, com alguns saltos de quando em vez. o novo timoneiro prefere a bolina folgada o que nos faz andar mais. temos no entanto que compensar com uns bordos para retomarmos o canal profundo. de súbito um bando de flamingos esvoaça em sintonia.... que espectáculo.



O AVentura agora anda bem! temos mais vento, e as velas um pouco mais folgadas... estamos na pousada da ria. devorámos meias sandes, que boas!...


Passamos a pousada, a maré ainda não encheu tanto quanto nós queriamos... primeiro "encalhanço".
Tomei de novo o leme. a reportagem fotográfica ficou por aqui, até ovar. por coincidência feliz, cruzamo-nos com o "almagrande" que descia em pôpa até á murtosa ou s. jacinto. pena não tirar uma foto, ia uma beleza o "almagrande", com o timoneiro e o proa de sempre e outros convidados a bordo.


Depois deste encontro a viagem até ovar correu bem, até à ponte da varela nãda de significativo a registar, apenas os encalhanços em frente à bestida... Mas depois da ponte e dado que andávamos mais do que a corrente, foi um pouco dura a viagem. encalhámos n vezes. o processo de sobe e desce o patilhão, caça o estai, folga a grande e vice-versa para nos libertarmos do lodo traiçoeiro... o estreito. e um só bordo até ao torrão, e depois daí até ao areínho a parte mais stressante. atracar no vela areínho, nem pensar.... encalhámos mesmo em frente á esplanada e tive que utilizar as técnicas da vara com o pau-de-spi.

finalmente o porto do carregal, e o repouso.
uma bela viagem que terminou bem, com dois finos na esplanada e ... bem o carlos está a promover um programa do excel que diz que faz perder peso... e mantém-se fiel ao programa.
Falta içar o AVentura para terra e voltar a s. jacinto para tomar o carro para o carlos voltar ainda a arouca. parece até que vivemos numa espécie de califórnia, onde se pode fazer praia de manhã e de tarde subir á montanha e fazer ski. era só haver neve em arouca, no verão. falta uma pista de neve ... no alto da mizarela. isto é que era desenvolvimento, dito sustentável. resta saber por quem.
vamos voltar ao vento como força motriz?

Wednesday, August 20, 2008

Detalhes dos vougas "Ria Marine" - desenho de Mestre Alberto Costa




As Regatas do CVCN na semana de vela.

O A Ventura nas 4 horas da Costa Nova.


Temos a dizer que largámos bem, mas os novos barcos andam muito. Ainda os acompanhámos como frota compacta até à primeira bóia...


O "Xanda", que no Campeonato Regional tinha andado na frente, ali estava na nossa proa...


E o "Zinda" uma lenda da Classe Vouga, andava ao nosso lado.

Os barcos antigos terão andamentos mais semelhantes... e para nossa alegria conseguimos distanciar-nos um bocadinho, vantagem que não mais perdemos, apedsar de algumas hesitações e uma ponta final do "Zinda" que quase nos desconcentrava...

Fotos: Carlos Aguiar.

Wednesday, August 06, 2008

Viagem à Costa Nova- as regatas

Aventuras no "Estreito de Magalhães"
Para medições e pesagem do "A Ventura" devido às regatas da semana de vela da Costa Nova, decidi fazer a viagem até à Costa Nova, pela àgua, no dia 2 de Agosto, Sábado.
Partimos do cais do Carregal pelas 16 horas, vento rijo de NO força 8 ou equivalente, de modo que decidimos navegar só com o estai. Boa opção.
A Maré subia e sabíamos que teriamos maré a subir até ao largo da Torreira. Não podiamos passar muito tarde em S. Jacinto para não apanharmos a vazante e os cálculos demonstraram estarem correctos.
Vamos então, eu e um dos meus amigos de aventuras náuticas, Vitor Gomes, e antes de zarparmos tivemos a surpresa de mais um personagem na viagem, a Manuela, prima do vitor, proprietária do "Adagio" um 31 pés magestoso... A Manela nunca tinha posto pés num "Vouga". Se podia ir, dizia a Manela, que sim, respondi eu, com a convicção de que mais uma pessoa no “A Ventura” seria até muito útil...
Para começar, ao subir o mastro, soltou-se a adriça do estai e tivemos que improvisar
um moitão e a adriça a funcionar por fora do mastro...
Partimos.O vento permitia a viagem só pelo canal de navegação, evitando baixios. Enquanto aparelhámos o Aventura, o que demorou umas horas, observámos a odisseia de um Dart, que ficara encalhado na lama junto ao cais da pedra. Os bombeiros de ovar estiveram de serviço e o timoneiro do catamarã após umas três horas de espera e de tentativas falhadas de se aproximar de terra primeiro, e de navegar livre depois, acabou novamente encalhado na outra margem. Quando saímos estava ele a entrar no porto de recreio, parecia que tinha passado por uma densa nuvem de fuligem do carvão mais negro. Do cimo do mastro até à extremidade da madre do leme tudo era negro. Mas navegava, e assim chegou à rampa... O bombeiro que de gatas tinha conseguido voltar a terra depois de transportar víveres e tranquilidade a bordo confessou que no seu curriculum ainda não tinha registado nada de semelhante.
Depois de vermos o carregal pela pôpa, o victor tomou o leme, para experimentar... eu sabia que não seria por muito tempo e disse, "depois do torrão do lameiro é que vamos saber se poderemos içar a grande... Ali, o vento diz como é que está a ria... "E assim foi.
Logo que tivemos a capela do Torrão pelo través de estibordo uma guinada forte de vento e uma “onda” mais afoita fez dançar o “a ventura” para sotavento e logo ali tomei conta do leme. A minha viagem de recreio tinha terminado.
A sinuosidade do canal obrigava a uma mareação cuidada e o leme sempre a trabalhar, o aventura a surfar na "mareta" ao largo do torrão, a querer fugir para sotavento , só com o estai, e eu a alternar, de pôpa com vento na alheta de estibordo, para largo folgado... o patilhão a meio.
O catavento que tinha improvisado para o "cruzeiro" com tecido e linha da caixa de costura da augusta, sempre colaboradora nestes preparativos de navegações à vista da costa, ( também preparou uns víveres para a viagem), mostrou-se de uma grande utilidade. E lá chegámos á ponte da varela, que passámos sem dificuldade, e entrámos no "grande mar da torreira", sempre junto á costa para evitar a ondulação e o vento.
Em frente á torreira tomámos conta de umas sandes e de uma garrafa de branco providenciada como por magia pela Manuela, e dividimos a as sandes irmamente, ou quase...
Aqui, depois da torreira, a ondulação fazia balançar trementamente o AVentura e ora aterrávamos numa cava ora surfávamos em grande alegria por uma crista, eu pensando, se tivessemos a grande é que era pois conseguiriamos mais velociade.... mas cada vez achava mais acertada a decisão de subir apenas o estai.
Encontrámos uns mergulhadores (ameijoa?) que se debatiam com a ondulação e a vestimenta dos fatos a bordo de uma pequena embarcação e que nos olhavam curiosos e algo surpreendidos. As únicas embarcações com quem nos cruzámos; uma bateira rumando ao porto de pesca da torreira, e duas lanchas de mergulhadores. Ao longe a lancha da carreira turística de Aveiro levava um bom avanço, mesmo junto a terra. Passámos a Pousada da Ria, admirando a exactidão do projecto, a localização e orientação, as esplanadas quase desertas. Vitor menciona as proporções do alçado SO, a implantação em L, as volumetrias e linhas das coberturas sabiamente desenhadas. Uma figura ( de roupão?) ocupava uma varanda, abrigada do vento.
Ainda faltava um bom bocado de viagem até à Costa. A minha preocupação era manter o aventura junto á margem o que nem sempre acontecia. De repente estavamos quase num baixio. Ainda se ouviu o patilhão a tocar o fundo, agora visível. A àgua aqui já é transparente e límpida, ao contrário do que acontecia nos anos 80, antes do grande fluxo de água (de agora) poder entrar pela barra adentro...
Apertei mais o AVentura para bolina, o que fazia com que os meus tripulantes trabalhassem mais um bom bocado.
S. Jacinto.
O vento parecia amainar mas era pura ilusão. O sol das quase 19 horas começava a dourar a atmosfera e as cores das estruturas portuárias e os enormes montes de areia como cenário de obras que não acabam e cujo impacto na paisagem condiciona fatalmente a marginal de S. Jacinto. Observámos os estaleiros navais abandonados, de um lado a pujança do porto, do outro a ineficácia da indústria naval local, se excluirmos as construções navais de recreio DC. Economias em contradição, espaços mutáveis, em transformação paisagística de grande escala. Ainda assim temos a noção da cidade- porto, das possibilidades infindáveis que o imaginário destas cidade encerra, muito concretamente...
Aproximamo-nos do canal de navegação da Barra de Aveiro. A minha preocupação agora é o tráfego marítimo, pois estou sem grande capacidade de manobra, mas temos muita água, o que para mim é sinal de segurança. Temos que antecipar toda e qualquer "rota de colisão" . De notar que até aqui penas uma vez funcionou o quebra-mar, a proa do AVentura mergulhou na superfície de uma onda e o victor exclamou, "ora aí temos a razão de ser do quebra-mar..." Victor, uma grande habilidoso na arte de marear os eflúvios de maresia nas condições expressas, segundo ele apenas superado por um australiano, que se diz ter muita habilidade para contornar os balanços do barco enquanto come um prato de sopa... sem entornar uma única gota.
Estamos no canal de navegação. Não há navios a entrar ou a sair da barra. Mas, de Aveiro surge uma lancha ao longe. Peço para me manterem informado do seu andamento. Estamos quase a entrar o canal da Capitania do porto, vamos evitar o cabo Horn e tentar o estreito... ( Se considerarmos o molhe de entrada no canal de Mira, junto à barra, e este estreito canal de ligação entre o canal central e o canal de Mira..)
A lancha que referi é a dos pilotos da barra que também vai entrar no “estreito”. Contorna-nos por barlavento, observam os pilotos a minha aproximação, faço sinal que vou entrar, eles entram primeiro. Um dos tipulantes sai da cabine a aplaudir.... fico incrédulo, não tenho tempo de agradecer a saudação. Aqui neste estreito e com as condições de corrente a coisa não é fácil. Temos a lancha dos pilotos da barra a entrar decidindo atracar no seu cais, e eu que procuro sair de uma pôpa cerrada, pois o estai não se decide se fica a estibordo ou a bombordo do Aventura... Sou obrigado a zigezaguear, dirigindo-me para a margem de sotavento, procurando um largo, para depois manobrar no sentido de barlavento mudando a vela de bordo... mas nisto uma outra lancha de passeantes entra no canal e se a ondulação da corrente e da lancha dos pilotos já dava que fazer, agora tinha aondulações cruzadas que faziam o aVentura dançar um tango, dirigido pelo vento, que era rijo, mas onde a vela estai também queria estar presente, o pior eram as rajadas pela pôpa que punham tudo um pouco em alvoroço.
Nunca tive a sensação de correr perigo, embora qualquer pormenor traiçoeiro pudesse ser muito preocupante. Mas, ida que foi a lancha de passeantes e estando os pilotos atracados no seu pontão, restava-me agora desviar-me das linhas dos pescadores e da extremidade que assinala a entrada no estreito já no lado de Mira. Só faltavam umas poucas braças... a Manela só diz "cuidado! Cuidado!"...
E já estamos nas águas do “pacífico”, que não é nada pacífico, como veremos. A corrente agora já desce um pouco e o vento é de NO o que provoca muito mais instabilidade, logo percebida pelos tripulantes que se interrogam. São os elementos a querem dançar tango andante, mas cada um para seu lado...
Todos observamos e louvamos a capacidade de navegação do AVentura, a sua estabilidade e também devo dizer que o timoneiro foi agraciado com alguns elogios.
Mas ainda faltava cerca de milha e meia para a Costa. Tinhamos a ponte na proa, estávamos no jardim Oudinot e procurámos sair da corrente da vazante o que não se verificou, pois eu estava já fixado no rumo directo à Costa e estavamos talvez cansados para bolinar naquela irreverente ondulação, seria sinal de água a bordo...
Passámos a ponte, admirando as obras de reforço recentemente executadas e que davam um rendilhado surpreendente, ao longe parece decoração e que bem que fica aquela bela ponte vista da água, pintada e com as estruturas de tensão à vista...
Entrámos no porto de recreio do CVCN e antecipadamente eu expliquei a minha manobra de atracagem, e o que sucederia caso falhasse a primeira tentativa... Falhou a primeira, e a segunda, mas à terceira tomamos o devido balanço, em largo, e entramos no único lugar disponível que existia, pois eu não fazia ideia onde é que poderia atracar. Atracámos e descontraímos um pouco. Estávamos secos e cansados, e com fome, e sem boleia para Ovar. O joão Senos providenciou uma boleia do seu cunhado que nos levou à estação de combóios de aveiro e, pelas 20:30, estávamos a tomar chá e bolos na estação depois de nos termos mudado... Chegámos a Ovar onde nos esperava a sempre providencial Augusta, e o Victor finalmente chegava atrazadíssimo ao jantar de aniversário do dos seus pais, no "Oxalá"...