Friday, November 12, 2021

De Leixões a Caminha e Volta





 Quem já velejou em Andorinha com vento rijo e ria encapelada ao largo do famoso Mar da Torreira, entre o Muranzel e a Bestida, sabe que o "Andorinha aguenta muito mar..." Tambem sabemos que era frequente um senhor de Leça aos domingos, velejar até à Póvoa e voltar a Leça, no seu Andorinha, fazendo assim o seu passeio domingueiro. E sabemos que o andorinha de Pedro Martins Pereira "SAKUTUTU" foi transportado de Leça até à Costa Nova pelo mar... lá por finais dos anos de 1960.  Mas não sabíamos até ontem, que o sr. Guilherme de Azevedo viajou, entre Leixões e Caminha e volta... no verão de 1938. 

O Sr Guilherme Pereira de Azevedo impulsionador da criação da Classe de Vela Andorinha em Portugal, velejador e apaixonado pela náutica de recreio e pela competição, Sócio do Sport Club do Porto e um dos sócios fundadores do Clube de Vela Atlântico, (1944), representa muito do espírito Romântico que caracteriza o final do séc XIX, espírito este que contaminou e fez explodir a modernidade no séc. XX. Ao que tudo indica construiu o primeiro Andorinha em Portugal com planos fornecidos pelo Clube Náutico da Corunha. Com esta embarcação, no verão de 1938 percorreu a Costa Atlântica entre Leixões e Caminha, e de volta a Leixões, demorando na viagem nove dias, sendo que o quinto dia, em Caminha foi dedicado ao passeio pelo Rio Minho. No regresso , ao sétimo dia, era tanto o mar e o vento que, uma hora após ter entrado a barra de Esposende, quatro pescadores se perderam no mar e um cargueiro encalhou nas imediações. O relato desta viagem foi publicado no periódico “El Ideal Galego” de 14 de Janeiro de 1939. Ao que tudo indica fez esta viagem em solitário, pois na carta que escreveu ao real Club Náutico da Corunha, relatando o feito, não menciona outro tripulante.

Agradecemos a Tito Gomez as informações preciosas que nos tem fornecido, entre elas o artigo de jornal referido e a fotografia que publicamos, de Andorinhas rodando a bóia, numa regata na Corunha, por volta de 1935.