Tuesday, September 29, 2020

XIV Regata CENARIO


A regata de clássicos da vela ligeira da CENARIO é um evento que procura preservar o património náutico, promover a vela desportiva e de lazer, agregar pessoas de diferentes faixas etárias, meios sociais e diferentes ideologias, fomentando a cidadania e o diálogo em torno da cultura náutica, do ambiente e do desenvolvimento.

A identidade cultural dos territórios da Ria de Aveiro é o reflexo do espelho de água que se estende e ramifica pela terra adentro, numa simbiose de caminhos, de água e de terra, que confunde e contamina os visitantes e que molda e constrói os aqui residentes. A mobilidade e os modos de subsistência que a via da água fez desenvolver ao longo do tempo deixou marcas e moldou paisagens, caracterizou diversas culturas. 

Temos o dever, (e o prazer) de identificar, promover e recriar estas relações entre territórios e culturas, fomentando novas descobertas identitárias numa globalização cada vez mais próxima dos lugares de exceção, como é o caso da Ria de Aveiro.

Na sua vertente mais a norte, no canal que é Ria de Ovar, a vela desportiva, o desporto náutico e de lazer, deram continuidade ao relacionamento secular entre o Homem, o Mar e a Ria. Deste modo agregaram na modernidade, o que era atrasadado, pobre e pitoresco. Da vida dura da apanha do moliço, da pesca artesanal, da  pobreza, ao longo da segunda metade do sec XX, ultrapassando a barreira da subsistência, construimos um novo tempo que se consolidou com a instituição da democracia e do alargamento do ensino, do desenvolvimento cultural e desportivo a quase toda a população.

No entanto, em Ovar este fenómeno teria já sido iniciado muito antes de 74. Que o digam os fundadores do GAV, da SNADO, e os promotores dos eventos desportivos e culturais do Orfeon de Ovar.

Que o digam os promotores do Cruzeiro da Ria, que mesmo enquadrados e muito respeitosamente reconhecidos pelas instituições de então, deram um enorme abanão na mediania cinzenta com que se vivia o quotidiano, pautado por festas e romarias em seculares Bateiras, Moliceiros e Mercantéis... 

 A XIV regata de clássicos da vela ligeira, organizada pela CENARIO com o apoio da Câmara Municipal de Ovar e com a colaboração da NADO- Náutica Desportiva Ovarense, teve seis barcos inscritos, em 13 velejadores participantes nas regatas. Três "Andorinhas" dois "Vougas" e um "Sunfish". Não foi o evento mais participado de sempre, muito pelo contrário, mas foi dos melhores. Vento e temperatura de eleição, boa disposição regatas disputadas. Organização e apoios na água, barco do Jurí, bandeiras sinais sonoros, bóias e percurso no campo de regatas entre o Carregal e o Torrão do Lameiro, passando pelo Areínho, (e que pena o Vela no Areínho não estar ao dispôr da Náutica, como proposta apresentada pala Cenario na CMO há um par de anos...)

Da Costa Nova, a navegar, veio o "Zinda" embarcação de 1942, de tripulação feminina, que de Lisboa vieram até Ovar. Foi a primeira vez que cá vieram, e ficou a certeza possível,  de que para o ano cá estarão...

Para colaborar e participar na regata vieram velejadores e entusiastas do Porto (8) de Porto de Mós ( 1) de Lisboa ( 2) da Costa Nova (1) de Ovar (9) de Estarreja (1) ...

A CENARIO agradece à NADO- Náutica Desportiva Ovarense, a Melqui Figueiredo pela utilização do "Almejo" como barco do júri, a Pedro Silva, a António Barbosa e Manuel Carvalho, à equipa dos troféus e Tshirts, e á Cristina, pelo bolo de chocolate. (hum!)

À Câmara Municipal de Ovar, pelo apoio que torna a CENARIO mais possível.



Classificações;

Geral

6º - "Pilrito" classe sunfish de Artur Gonçalves

5º - "Melody" ,       Andorinha, com Jorge Dias e J. Lemos

4º - "Nauta",          Andorinha com Alberto Osório e  A. Rosas

3º - "Andorinha" , Andorinha, com Miguel Lopes e R. Malaquias

2º - "Zinda"          Vouga , com Joana Paião, Teresa e Carla

1º " Aventura"      Vouga, com Helder Ventura, R. Costa e Daniel


Campeonato Nacional de "Andorinha"

3º - "Melody"  com Jorge Dias e J. Lemos

2º - "Nauta , com Alberto Osório e A. Rosas

1º - "Andorinha" com Miguel Lopes e Ricardo Malaquias


A Regata

Fizeram-se três regatas com bóias colocadas junto ao cais da Pedra e Torrão do Lameiro. As largadas foram dadas do Lugar da Azurreira onde estiveram algumas pessoas a observar as largadas.
Foram quase 4 horas na água e o vento esteve algo incerto mas sempre presente, entre os 13 e os 7 nós de NNW. Iniciámos com duas horas em antecipação à preia-mar e nos primeiros bordos o fundo fazia-se sentir nos cabeços menos profundos, dando vantagem a quem conhece estas águas.... ou a falta delas.  Os Vougas destacaram-se no andamento, nada de surpreendente, mas os Andorinhas não andavam longe. Os momentos  de preparação entre regatas eram curtos. Sempre com boa disposição e bem orientados pelos sinais sonoros do barco do jurí que diga-se fez um bom trabalho de promoção da vela tradicional, usando um sino... Já tínhamos saudades daqueles sons mais próprios do período pascal.
Posteriormente já na sede da CENARIO fez-se a entrega de prémios. 
Domingo estava um vento rijo e apenas foram para a águas duas embarcações, o Melody e o Zinda que desceu a Ria até à Costa Nova com 4 tripulantes a bordo. Com paragem no "Guedes" para umas "brisas", fez 3 horas até ao CVCN! 



A tripulação mais elegante 


                    Preparativos para a largada, com a vela colorida do Pilrito em último plano




O novo Campeão Nacional da classe Andorinha... destronando o "La Rondine" que não veio defender o título.


A tripulação do Aventura após cortar a linha de chegada...




"Melody" a única embarcação que terminou todas as 14 edições das Regatas CENARIO 


A beleza e o estilo do "Zinda"



Amuras!


A entrega de prémios e os prémios adquiridos no momento...


Os troféus, "nogueira preta", da mata do Buçaco.


Cartaz e Programa


O minimal Cruzeiro da Ria, com ventos de fazer enjoar os peixes



29 e 30 de Agosto /2020

Não foi o "Cruzeiro da Ria". O Cruzeiro da Ria é um evento que se projeta desde as memórias perdidas dos que já não as podem contar. Arrasta consigo uma grandiosidade que se explica pelos números; de barcos, de velejadores, de peripécias infindas, de 57 edições a reunir Ovar e Aveiro.
Mas, neste dia 30 de Agosto, valeu a pena velejar, com uma tripulação segura. Isto é, não permitiu danos na embarcaçao, que navega desde 1960. Ventos que chegaram aos 25 nós, dizem. Surfámos até à boia, mas depois... Água, muita água... E vento na proa. Alcançámos a capela do Torrão, mas ficamos por ali. Muita água embarcada e um encontro imediato com as bóias e o tubo das dragagens. Um sarilho que milagrosamente correu bem. Para começar , ainda antes da largada, a cinta partiu e os dois proas transformaram-se em fuzileiros navais. Assim como uma espécie de advertência...


na largada

De vento em pôpa

 uma frota reduzida...

 ao largo, muito largo
e acabámos em segurança