Thursday, September 28, 2023

XVII regata- Clássicos da vela ligeira

 


A XVII regata cenario ocorreu a 24 de setembro, um domingo de sol e sem vento pela manhã, uma ria espelhada e multicolor, dominada por uma plenitude de azul celeste e verdes arbóreos, emprestando, generosamente, uma dimensão espacial extraordinária ao evento. 

Com a colaboração da NADO e  o apoio da Câmara Municipal de Ovar, com a presença de velejadores de fora e de dentro,  dois Andorinhas, dois Sunfish, dois Vouga, uma embarcação da classe Cap Corse e um pneumático de apoio, a regata  iniciou pelas 11 horas, com a largada junto ao cais da Pedra, após alguma espera pelo vento, que teimava em não entrar. 

A regata de clássicos da vela da Ria, tem em Ovar, na CENARIO, a única regata de clássicos da vela ligeira em águas portuguesas. Destinada apenas a embarcações construídas em madeira, esta regata já reuniu embarcações das classes Finn, Snipe, Vaurien, Sharpie 12M mas que, apesar das boas condições meteorológicas e da divulgação atempada, estiveram ausentes nesta edição, faltando à afirmação e registo desta regata no universo náutico da Ria de Aveiro e da Região.

Este ano decidimos marcar o percurso da regata em função dos antigos cais de acostagem restaurados no âmbito do Programa Polis Ria de Aveiro; o cais da Pedra, o Cais da Tijosa e o Cais do Puxadouro, ficando o cais da Ribeira excluído deste percurso, pela dificuldade de navegação á vela no canal de acesso e falta de balizagem ou meios de reconhecimento do local, nomeadamente junto de velejadores de fora de Ovar. Ficou deste modo esta regata, este ano, conhecida como a rota dos três cais, marca que iremos perpetuar, esperando que num futuro próximo seja este percurso uma marca da Regata CENÁRIO -  Clássicos da Vela Ligeira.



A Largada.

Pelas 10.30 encontrava-se o CapCorse S. Gabriel emitindo sinais sonoros de amplitude duvidosa mas deveras originais, assim como subindo e descendo bandeiras, nas cores adequadas, dando a conhecer á frota presente que a regata estava em andamento. Uma das embarcações ( Calipso) e após uma mudança de tripulantes de última hora chega com atraso á linha de largada, o que teve consequências irreparáveis no desempenho regateiro. Todas as outras embarcações largaram bem, apesar de uma ausência de vento que se fez sentir logo após a partida. 






Lentamente e após longos 45 minutos, a frota encontrava-se ainda junto ao Areínho, até que uma brisa suave, irregular, impulsionou o Melody e o Aventura, o Pilrito, o Andorinha e todos os outros rumo ao sul. O Andorinha Melody, com Nuno Lopes e Marco Prior destacaram-se após o Torrão do Lameiro, ao serem atingidos pela brisa depois da cortina arbórea do Areínho sendo que o Vouga Calipso ia recuperando à medida que o vento subia e se tornava mais regular. O Sunfish de Artur Gonçalves foi-se destacando entre o Vouga Aventura e o Andorinha Melody, fazendo uma excelente regata até junto da ponte da Varela. 

Rodagem da primeira baliza

Junto à Ponte da Varela, e já com vento a crescer para os 10/12 nós, rodou primeiro o Melody, seguido do Calipso, do Pilrito, do Andorinha e do Sunfish, fazendo as embarcações rumo a nordeste, Pardilhó/ Ribeira de Mourão, onde se rondou uma segunda baliza e se fez rumo ao cais da Tijosa., 

Após alguns bordos, pois o vento agora vinha de noroeste, cortou-se a linha de chegada no enfiamento da casa dos barcos da Tijosa e o S. Gabriel.

2ª Largada. 

O vento agora era firme e impulsionava em bom estilo todas as embarcações. Estávamos próximos da uma da tarde, pelo que se decidiu fazer uma outra regata, entre o cais da Tijosa e o cais do Puxadouro, rondando a baliza a sul, no enfiamento do Cais de Pardilhó ( Ribeira da Aldeia). Regata que decorreu com bom andamento, largando as embarcação em largo folgado, passando a pôpa rasa ( que espetáculo ver os paus do spi a serem utilizados!), e, após a rondagem da baliza, em bolina folgada até ao enfiamento do Bico do Torrão. Daí, um bordo ( por vezes dois) até à foz do Cáster e à bifurcação do canal da Moita com o canal do Puxadouro, onde se encontrava a chegada, mesmo sem S. Gabriel à vista, que se tinha perdido, nos confins dos baixios de Calecute.

Foi esta uma regata muito animada, com o Calipso a procurar passar o Melody, que se defendeu muito bem e não permitiu que o calipso ganhasse o barlavento, o canal estreitava e  por sotavento não era possível, pelos motivos que todos sabemos; um timoneiro de gabarito ao leme e umaa genoa imparável, arribava o Calipso, pois já não tinha águas, logo o Melody lhe cortava o vento e assim decorreram uns bons 30 minutos com o aventura aproximando-se continuamente, (pois estavam os dois primeiros entretidos nesta dança ...) quase conseguindo o segundo lugar.






Uma bela regata.  

Entre o primeiro e o ultimo barco não passaram mais do que 15 minutos, na primeira regata! Na segunda a diferença foi muito menor.

Originalidades e património antropológico da Regata Cenário

Como critérios de desempate dado que o Melody ganhou a segunda regata e o Calipso a primeira, o júri considerou a utilização da pagaia pelo Calipso ( manobra de desencalhar) com 15 segundos de penalização, e por impulso mictório de um tripulante do Melody, que pela pôpa, se aliviou de uma necessidade inadiável, colocando mesmo em risco o bem estar da tripulação que lhe estava no encalço, dois segundos de penalização ao Melody. Sem direito a protesto.

Estas circunstancias denotam elevado grau de rigor na aferição da classificação final, apesar do cronómetro, que, como sabemos, mesmos utilizando as mais altas tecnologias, tem as suas limitações,  pois como dizia o Índio observando o monóculo do general Custer, a magia é boa, mas não é perfeita... 

Próximo da perfeição esteve o almoço que se seguiu nas instalações da Cenário, após a arrumação dos barcos e palamentas, e da entrega da fatia de bolo especial aos vencedores, tarte de côco, uma delícia, neste caso de uma magia infalível.

E das generosas contribuições de elixires raros, previlégio de quem tem bom gosto e conhecimentos profundos nas quintas do Douro, lembrando as rotas comerciais de Ovar à Régua... e mesmo aos confins de Borba, lá para os anos de 2015. Um bom ano.

Devemos finalmente agradecer aos participantes e à presença do velejador que participou na regata a bordo do "Calipso", Jorge Exequiel, em representação da Olho  Marinho do grupo Porto de Ovar, patrocinador das velas do Calipso, que se deslocou desde Ponte de Lima. 

Do Norte vieram  também o arq. Manuel Carvalho, que desta vez não veio a pedal, mas sim a bordo de um "Andorinha" (com o nosso amigo Pedro Silva), e o Artur Goncalves, e um  amigo, Nuno Freitas a bordo de dois "sunfish" cujas velas animam e colocam mais cor à regata , que, sem o colorido e a singularidade destas embarcações não será a mesma. 

Obrigado também à Câmara de Ovar, pela colaboração no evento, no âmbito do Programa de Apoio ao Associativismo.


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