Saturday, June 15, 2024

Mais um modelo de "Vouga", mais uma necessária narrativa .

 Ainda e sempre, a família dos "Vougas", como a maioria das famílias, tem os seus elementos dissonantes, excêntricos e polémicos.

No entanto, parece-me que esta complexidade enriquece e eleva a narrativa sobre este tipo de embarcações, cujos modelos variam ao longo dos tempos e das vicissitudes históricas que compõem a evolução da vela de recreio e desportiva em Portugal.

Incontornável, é que esse evoluir não se confina apenas ao estuário do Tejo. A busca da identidade dos Vougas e a identificação dos seus elementos, gerados sobretudo na Ria de Aveiro, de Ílhavo a Ovar, conduz a uma descoberta que não é mais do que a confirmação de que o espaço Ria foi e é um território de criatividade individual e coletiva, berço de únicas, originais e belas embarcações, mas também espaço acolhedor e de diversidade adotiva, como é o caso único e notável das "Andorinhas" que se instalaram na Ria desde meados dos anos 40 do sec. XX. E se quisermos ser precisos, abrangentes e acertivos,  devemos também acrescentar a classe e dos" Sharpies 12M", cujos campeonatos Europeus por aqui realizados projetam a nossa Ria Náutica e Desportiva além fronteiras.

Neste momento, na Ria de Aveiro, existem, com evoluções e contextos desportivos diferentes, as associações de classe que definem, regulamentam e organizam (1) provas oficiais de três classes de vela ligeira "clássica" . A classe Vouga, criada em 1939/44 e refundada em 2006 -  APCV, Costa Nova,  a Classe Sharpie 12M, Instalada em Ílhavo- Porto de Aveiro, e a Classe Nacional Andorinha", ANCV, fundada em 1944 no Porto e refundada em 2011/20  na CENÁRIO, em Ovar.

É pois relevante fortalecer e acentuar esta diversidade, encontrar o que nos distingue e deferencia, e portanto que nos une, construindo uma identidade coletiva assente neste território singular, a Ria de Aveiro.

Por estas e talvez por outras razões de índole mais pessoal, não me detenho nestas escrituras e nestas buscas e registos dos barcos que vou encontrando ou observando, identificando aqui e ali histórias e vivências peculiares.

Portanto, aqui vai mais um Modelo de "Vouga.".. sem querer dizer que todos são iguais.

 

 "Narceja" - Nove metros de comprimento, construído em 1952, em Ovar, de Eduardo Pinto.

Desenho do plano lateral do casco, Helder Ventura, 2023.

Esta embarcação, e o Joínha, são os maiores dos "Vougas de Cruzeiro" ou "Vougas cabinados" a que chamo Vougas de Ovar, chamados e referidos sempre como Vougas, pois naqueles tempos em que foram construidos assim eram registados nos documentos oficiais da Brigada Naval... Então, todos os barcos de casco redondo, acima de seis metros, com um mastro e duas velas, com ou sem cabine, eram "VOUGAS".

São um tipo especial de Vougas, e, para defender, explicar e enquadrar esta designação foi publicado na Revista "Dunas" nº 23 um trabalho com este tema; "Os Vougas de Ovar", que os curiosos e interessados poderão rebater, acrescentar, comentar.

Narceja, 1952, na Ria, entre o carregal e o Areínho.
Joínha, de Francisco Ramada, construído em 1947, por A.Ferreira Gordinho. Foto muito provavelmente de 1950, ainda com vela de" carangueja"


"Vouga", de José Evaristo Pinto e Alfredo Alves "Arroz". E a água da Ria transparente, fundo arenoso e sem corrente significativa, perto de S. Jacinto.

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