cenario: XIX Regata Cenário - Os clássicos da Vela Ligeira na ria de Aveiro

percursos da regata

Após dias de preparativos, aparelhando embarcações, transportando e subindo velas, entre outras tarefas, sentíamos o aproximar do dia 4 de Outubro com mais intensidade. Diariamente planeávamos afazeres e comentávamos as previsões do tempo, o vento ora amainava ora crescia, a ansiedade também.

Sabado, dia 4

Inscreveram-se para a regata doze embarcações.

Dois lindos sunfish, "Chapim e "Pilrito", dois vouga "Calipso e "Aventura" três andorinha, "Andorinha","Nauta" e "Melody", un finn, "Fintado", um Cap Corse, "S.Gabriel", um snipe "Gazela" um "Vaurien" e um Vouga Vareiro, o "Vougão" (vouga cabinado como é conhecido na gíria). Este último, autêntico objeto museológico, com velas de algodão, de 1957 e 62, velaria Guilherme de Azevedo, Porto"...

um breve almocinho, mesmo antes da largada

O "Aventura" com a sua tripulação inédita, a Joana, a Carla e o Pedro, nos preparativos

Os primeiros na largada!

Largada

Partimos do Cais da Pedra, no Carregal em Ovar, sendo a largada por volta das 14:20, com o Carlos Andrade, presidente da NADO nos procedimentos respetivos, que decorreram bem, um ou outro barco em atraso...

O vento era mareiro, suave, 10 / 11 nós com uma rajada mais afoita de quando em vez, tempo ideal para uma regata com elevadas características desportivas, mas mesmo assim, uma regata.

A frota manteve-se compacta até ao Areínho, com o vouga "Calipso" a recuperar bem do tempo de atraso na largada e o finn de Alexandre Rosas a tomar a dianteira a partir do Torrão, o "Aventura" bem posicionado, o Andorinha de Ricardo Malaquias e Miguel Lopes a destacar-se dos andorinhas, e o Vouga Vareiro e o cap Corse S. Gabriel regateando mano a mano. Ainda em bom andamento o "Chapim", sunfish de Artur Gonçalves que se adiantava , alternando a liderança com o Finn .

Pela Ponte da varela, e com a corrente de enchente a frota dispersou. Os sunfish não ultrapassaram a corrente e tiveram que ser "ajudados" pelo barco de apoio, o nosso novo barco penumático, de nome "Miana"tripulado pelo Nuno Costa e pelo Filipe.

Após a Ponte de Varela, o vento cresceu um pouquito, as embarcações adiantaram-se, umas rumando à Torreira outras mais por nascente e rumando à Béstida, conforme o percurso estipulado, que ali previa a rondagem de uma bóia. Na dianteira o Calipso, depois o Aventura e os Andorinha em muito bom andamento.

Com o aproximar da Béstida gerou-se a dúvida e o sobressalto, pois a baliza de desmarque fora colocada muito a poente e na Béstida não existia baliza, exceto a baliza oficial de sinalização do canal, e gerou-se assim um problema. Uns rondaram a bóia no meio da ria, outros rondaram a baliza na Béstida, seguindo o trajeto das instruções de regata...

Conclusão: a Regata do dia foi anulada, mas valeu pela disputa e pelo desfrutar de um belo dia de vela. O dia seguinte contaria para as classificações finais, nada estava perdido.

Aproados os barcos à Torreira, em dois ou três bordos chegamos ao enfiamento do café Guedes com a embarcação da CR.

Aqui chegados, as embarcações ficaram amarradas na nova Marina e devemos agradecer à ANT a cortesia, e a colaboração.

Dia 5 Domingo

Muito Vento? - O pessimista fica em terra, o otimista rasga pano, o realista ajusta as velas

Nos preparativos da largada, ainda dentro da nova marina da Torreira, as velas drapejavam com força... Colocados e amarrados estrategicamente junto á saída do pequeno porto de recreio, os pequenos veleiros saíram da concha , do abrigo, e lançaram-se nas tumultuosas águas do" mar da Torreira"...

Segundo medições mais ou menos rigorosas, o vento oscilava entre os 18 e os 20 nós, entre a ANT e o Monte Branco...

Preparativos para a regata

Prevista para as 15 horas, antecipamos a largada para as 14 pois o vento crescia, crescia...

Preparámos as embarcações, muitos diminuíram velame, decisão acertada e sensata. Decidimos também alterar o procedimento de largada e o percurso, pois as condições não justificavam rondar a baliza mais a sul, no Monte Branco.

Largada para Norte!

O vento de WNW, rijo, criava pequenas cristas brancas na marola, carneirinhos saltitando na ondulação, maré a subir, vento a descer... "Céu azul, limpo, temperatura normal para esta época do ano..." diria Anthímio de Azevedo.

As embarcações com maior relação casco/velame sentiram dificuldades. O Calipso desceu o estai e largou com atraso. O " S.Gabriel" largou só com a vela grande. "Aventura" mudou a vela de estai. "Vougão" mudou a grande...

Andorinhas na frente da frota, assim como o Finn . O Aventura a progredir muito bem, o Calipso com dificuldades largou mais atrasado. Devemos realçar que a tripulação do Calipso velejava pela primeira vez um Vouga...O Finn ia-se aguentando e cada vez progredia melhor apesar do vento. Um Andorinha rasgou a vela de estai.

Os barcos iam progredindo até à Ponte, com um ou dois bordos procuravam a proteção da margem Poente. O Vougão com dificuldades em progredir, não estava devidamente equipado para tanto vento, mas prosseguiu... O snipe "Gazela" desceu velas já na margem Nascente antes da ponte da Varela. Passada a ponte da Varela, rumo à Tijosa, sempre com o vento a crescer, cruzamo-nos com a frota de veleiros do passeio da Nado ( A rota dos cais) que desciam desde o Puxadouro ao Carregal.

Em bolina, rumo à baliza no enfiamento da Ribeira de Mourão , passámos Pardilhó, Ribeira da Aldeia, Bulhas, Tijosa à vista.

O Nauta, e o S. Gabriel rumaram ao Puxadouro, evitaram os bordos da chegada. O "Aventura chega em primeiro , e que bem andou ! Em segundo mas por pouco, a "Melody" ! e em terceiro o Finn.

Cortada a limha de chegada , seguimos com tranquilidade até ao Puxadouro, o vento ia amainando... e a ondulação sob o efeito protetor das margens, transformou-se em plano quase espelhado.

Todos chegaram em segurança. Mas houve estragos em diversas velas.

Nota de realce: todas as tripulações primeiras classificadas tripulavam estes barcos pela primeira vez!

Classificação : 1º "Aventura" com Joana Paião , Carla Costa e Pedro Pinho

2º " Melody" com Rui Carreira e José Lemos (Manuel Carvalho)

3º "Finntado" com Alexandre Rosas

4º "Vougão" com Helder Ventura, Mario Leite, e as meninas Sami e Gustinha

5º "Nauta" com Júlio Calão e Luis Rocha (Paulo Nunes)

6º "Calipso" Com Rui Bastos, Maria João Natária, e Francisco Prior

7º "S. Gabriel" com Marco Prior, Mariana Lopes, Nuno Lopes e Georgina Queiroz , e "Rosinha"

8º "Gazela" de Jorge Paião e Francisco Paião

9º "Andorinha" de Miguel Lopes e Ricardo Malaquias

10 º Sunfifh "Chapim" de Artur Gonçalves

11º Sunfish "Pilrito" de Nuno Freitas

Entrega de prémios

A Entrega de prémios decorreu pelas 17:30, após se terem amarrado e preparado as embarcações para pernoitarem no cais. Estiveram presentes todas as tripulações e alguns entusiastas da vela e dos barcos de madeira, em amena confraternização e troca de experiências. Esteve presente o nosso amigo Salvador Malheiro, atual Secretário de Estado das Pescas e do Mar, e anterior Presidente da Câmara, que desde o início entendeu a náutica ovarense nas suas vertentes de vela e canoagem, mas também museológica como é o caso da nossa associação, como fatores importantes para o desenvolvimento do concelho, esteve presente o Vice presidente da Câmara Municipal de Ovar , Alexandre Rosas, um dos primeiros associados da CENÁRIO, velejador e apaixonado pela náutica ovarense no contexto da Ria de Aveiro e que preparou e velejou a embarcação Finn, esteve presente o Sr. presidente da Junta de freguesia de Válega, Raul Teixeira, e ainda devemos destacar a presença do Jornalista investigador e promotor da cultura náutica Pedro Bicudo, também em representação da APPM ( Associação portuguesa do património Marítimo).

Estiveram presentes. Este facto por si só significa que a CENÁRIO se inscreve no panorama do Património marítimo como uma associação que existe, portanto e lembrando José Gil, não devemos ter medo de existir.

Foram entregues prémios ao 1º 2º e 3º classificados, e ao primeiro barco da classe Andorinha, e ainda um prémio "Elegância", pela estética do conjunto Barco/Tripulação, sendo os critérios de aferição o sentido desportivo, a entrega perante as dificuldades, a postura perante os concorrentes, e neste caso devemos referir o estímulo á continuidade da náutica enquanto desporto que promove relações inter-geracionais.

Eis os momentos;