Friday, October 19, 2012

A Via da Água (1)

Pelo desenvolvimento da Via da Água



O Museu de Marinha é uma das instituições que mais respeito e admiro pelo que possui e representa, o nosso património marítimo. No entanto é um museu que em certos aspectos ainda não se libertou de um conceito de Museu estático e expositivo, próprio dos primórdios da museologia. Por exemplo, seria de todo obvio que o museu de marinha possuísse um núcleo museológico relacionado diretamente com a água, numa das tantas frentes de Tejo que a cidade está a recuperar, e dentro do possível e de acordo com cada uma, no Tejo levasse a navegar as embarcações que guarda e preserva. A melhor maneira de preservar e mostrar uma embarcação é na água, a navegar, com todo o seu aparelho e de modo a que se observe tudo o que representa.


Portugal não deve ficar parado, mesmo no momento difícil que vivemos. Devemos insistir para que ideias óbvias e criadoras de riqueza e sustentabilidade económica sejam possíveis. O dr. António Costa, Presidente da CM Lisboa, percebe isto muito bem, e concerteza os responsáveis pela guarda do património marítimo, a Marinha, também.


Existe toda uma comunidade ligada aos barcos que estaria na primeira linha no apoio direto a esta iniciativa. Não apenas pela nostálgica e reconfortante contemplação do passado, que na certa medida nos deve orgulhar, mas pelas enormes potencialidades de futuro relacionadas com o turismo e a identidade diferenciadora dos portugueses no contexto global.

As imagens que aqui estão a ilustrar este texto da Canoa do Tejo, "de tipo "coquete"  denominada "Fratinitza"  são da autoria de António Sá. Estas e outras embarcações portuguesas são observadas e admiradas em todos os cantos do mundo. A navegar no Tejo, com turistas ou em solitário, réplicas desta embarcação seriam um ex-libris de Lisboa e da nossa cultura. Resta acrescentar que nem sempre os exemplares de museu devem navegar regularmente. Para tal executam-se réplicas exatas dos originais,  que devem ser tratados com o máximo cuidado sempre que seja possível navegar com eles. Devo referir que todos os anos se celebra o dia da "Marinha do Tejo" onde dezenas de embarcações tradicionais desfrutam das águas do estuário. Este ano participaram cerca de 40. Podem os leitores imaginar a quantidade de pessoas que as observaram , a bordo dos enormes cruzeiros que aportam em Lisboa?  



Fotos: A. Sá

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