Actividades para 2011 - A Banda Desenhada, os Barcos e o Mar
(Hugo Pratt - a Balada do mar salgado)
Projecto expositivo destinado a sensibilizar um amplo leque geracional para a temática do Mar, da navegação, e dos patrimónios marítimos.
Todos conhecemos da banda desenhada personagens e histórias relacionadas com o Mar. O mar e os barcos, os portos e os marinheiros, capitão Nemo, Corto Maltese, Tintin e o capitão Haddok, imaginários viajando pelos sete mares.
A ideia é elaborarmos painéis com quadros de histórias e heróis da banda desenhada que ocupem espaços e tempos diversificados, apelando ao sentido global e multicultural.
Eis uma pequena história...
"A primeira vez que encontrei Corto Maltese foi no Egipto. Ainda era novo, mas já não era a primeira vez que andava pela costa do Mediterrâneo. Estava eu a beber um grog, numa esplanada em Alexandria, quando, um marinheiro na mesa ao lado me pede tabaco. "Preciso de fumar", diz ele, num francês perfeito. É muito falador e um grande contador de histórias. Estamos há horas a conversar e a beber. Chama-se Corto Maltese. Só tem 22 anos mas conta-me episódios ligados à guerra russo-japonesa, que nunca tinha ouvido falar. Sei que a imaginação dos marinheiros é fértil, mas as histórias que conta fazem sentido. Foi atacado por torpedeiros japoneses quando seguia à boleia numa esquadra russa. No meio da confusão total, conseguiu sair ileso. Agora, quer voltar à Argentina, dois anos depois de ter andado pelo Mar Vermelho, Bombaim, Singapura e Xangai. Chegou a viajar até Pequim, uma viagem que levou um mês. Ficou na cidade durante uns tempos e aí viveu histórias fantásticas com mulheres deslumbrantes. Algumas conheciam a Cidade Proibida. Não sei se é tudo verdade, mas dei-lhe o devido desconto.
Passou pela Manchúria, numa altura em que os combates entre russos e japoneses estavam ao rubro. Foi aí que encontrou um jornalista americano, chamado Jack London. Ficaram amigos. Eram ambos aventureiros e sonhadores e estavam fascinados com as mudanças históricas que aconteciam à frente dos seus olhos. Perderam-se durante uma ofensiva japonesa, onde morreram milhares de soldados. Corto quer agora falar com Boca Dourada, vidente e sacerdotisa, que vive em Buenos Aires. Para saber o significado de uns triângulos vermelhos e circulos dourados com que sonha. Será que ela também lhe sabe dizer por onde anda Jack London? Seria bom. Por isso está de partida para Buenos Aires. Esteve dois meses à espera de um russo chamado Rasputine, um anarquista, completamente louco. Mas já passou demasiado tempo. Ao fim de cinco horas de conversa, estamos copletamente bêbados. Corto Maltese levanta-se da cadeira e mal se segura nas pernas. Mesmo trôpego, despede-se e começa a andar. Nunca mais o vi. Ainda o procurei no Cairo, mas disseram-me que tinha apanhado uma boleia num barco que seguia para a América do Sul.
Bon voyage."
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